'' Gilmar Belenos ''


Em 500 aea (antes da era atual) aparecem as primeiras referências aos celtas feitas pelos gregos. A essa altura, eles habitavam uma área na Europa que incluía a França e a Espanha e se estendia até o Danúbio. Antes disso, por volta de 1200 aea originou-se ao redor do Danúbio, uma civilização proto-celta, sendo esse o berço da cultura conhecida como Hallstatt, um período marcado pelo fim da era do Bronze e a chegada da era do Ferro. Com isso, surgem os fortes em colinas, sepultamentos mais ricos e uma sociedade mais hierárquica, acredita-se que pelo aumento de riqueza devido ao aprimoramento da agricultura. Ao redor dessas colinas foram encontrados montes sepulcrais onde haviam até mesmo carruagens funerárias. Ë aqui que se originam as oppida (fortalezas com paliçadas). O nome Hallstatt se refere a um lago na região do Danúbio, onde foram encontrados inúmeros artefatos celtas e esse período durou até por volta de 400 aea.
Já estabelecidos na Gália, os celtas passam a fazer incursões na Itália romana e etrusca, sendo que em 387 aea invadem e saqueiam Roma. Alexandre o Grande recebeu embaixadores celtas em sua corte na Macedônia e, em 279 aea, tribos celtas tentaram saquear o santuário de Delfos, que foi salvo por uma forte nevasca atribuída ao deus Apolo.
Esse período é conhecido como período chamado La Tène (nome de um lago na Suíça onde foram encontrados exemplares da nova arte celta) e alguns arqueólogos a consideram como a primeira cultura realmente celta. A arte desse período se originou da síntese dos padrões geométricos de Hallstatt com os estilos decorativos dos etruscos. É uma arte caracterizada por curvas e temas vegetais, claramente mais abstratos e inspirados na Natureza. A aristocracia agora é tipicamente guerreira e os nobres são enterrados com suas armas e utensílios bélicos. Essa fase, onde se observa mais um aumento da riqueza das tribos, é caracterizado também pelo surgimento de inúmeros adornos corporais, tais como os famosos torques, grandes argolas de ouro ou bronze, torcidos ou não, para se pôr ao redor do pescoço, com extremidades livres que quase se tocam. Essas extremidades eram avolumadas por várias formas: bolas, figuras zoomórficas e adornos diversos.
Haviam diferentes denominações dadas aos povos celtas. Os gregos os chamavam de galatoi (celtas orientais) e keltoi (celtas ocidentais). Os romanos os chamavam de galli (celtas da Gália), belgae (celtas da região onde hoje é a Bélgica) e britanni (celtas bretões). A Gália, após ser conquistada por Roma foi chamada Gallia e a Bretanha tornou-se Britannia. A Irlanda nunca foi invadida por Roma e é nesse país, portanto, que temos maior preservação do que foi a cultura celta original, e também seus mitos.
É importante esclarecer que os celtas se estabeleceram por toda a Europa, mas nunca formaram um império unificado. Esse é um dos fatores que acabou por facilitar a vitória dos romanos sobre eles. Eram várias nações/tribos independentes, ligadas por uma cultura em comum (língua, religiosidade, costumes, artes, etc) e que guerreavam constantemente entre si.
Existem dois episódios famosos de sua história onde várias tribos lutaram juntas, mas são considerados casos excepcionais: um foi na Gália, quando Vercingetórix, um rei de formação druida, uniu várias tribos para resistirem à invasão romana. Após algumas vitórias foram sitiados pelas legiões e ele se entregou, para ser morto depois em praça pública romana. O outro foi a unificação de tribos que ocorreu na Grã-Bretanha, liderada pela rainha Boudicca, que também obteve muitas vitórias, mas acabou sucumbindo ao poder esmagador das legiões de Roma.
Ambos os episódios tiveram uma versão em filme: a história de Vercingetórix está retratada em "A Lenda de um Guerreiro" (Druids) e a história de Boudicca pode ser conferida em "A Rainha da Era do Bronze" (Warrior Queen).

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